Perfil de Evandro Chagas: paixão pela ciência trazida no sangue

Simone Kabarite

O médico sanitarista Evandro Chagas carregava o talento e a paixão pela ciência no sangue. Filho mais velho do respeitado médico sanitarista Carlos Chagas, desde muito jovem descobriu sua vocação para a carreira científica como o pai. Ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1921, e fez estágio no Hospital de Manguinhos, atual Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), que leva seu nome, graças às importantes contribuições que deixou antes de sua morte precoce, aos 35 anos.

Cinco anos depois, ao se formar em 1926, assumiu a chefia do Serviço de Radiologia e Eletrocardiograma e de uma enfermaria do Hospital de Manguinhos. Nessa área se tornou um profundo conhecedor, tendo sido um dos primeiros a fazer exame complementar eletrocardiográfico.

Como seu pai, Evandro tinha o espírito desbravador. Ainda meninos, aos sete anos de idade, fez sua primeira viagem à região Norte com o pai, local que voltou depois já como pesquisador respeitado. Lá, desenvolver pesquisas importantes, assim como no Nordeste, sobre febre amarela, malária, ancilostomose, o beriberi, leishmaniose visceral americana, descobrindo os primeiros casos humanos dessa última e ainda a pesquisou nos estados do Amazonas, Pará, Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no Chaco Argentino e, principalmente a miocardite provocada pelo Trypanosoma cruzi.

Em 1936, já como diretor do Hospital Oswaldo Cruz, criou uma seção móvel de pesquisa aplicada às grandes endemias nacionais e instalou o Instituto de Patologia Experimental do Norte (Ipen), em Belém do Pará. Em conjunto com a Delegacia Federal de Saúde da 2ª Região, realizou o levantamento epidemiológico da malária no vale do Amazonas que auxiliou a campanha federal de saneamento. 

No auge da carreira, Evandro Chagas faleceu aos 35 anos, vítima de um acidente aéreo. Em sua breve trajetória, deixou mais de 50 trabalhos publicados e um relevante legado para a ciência e a saúde do Brasil.

Com informações do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)

 

 

 

 

 

 

Os médicos Carlos e Evandro Chagas, respectivamente pai e filho, no atual Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) Arquivo: Casa de Oswaldo Cruz (COC)